domingo, 29 de março de 2009

Cebolas






Hoje, faz um ano e 365 cebolas que meu amor morreu. Sim 365 cebolas, pois, como ninguém sabia do nosso amor, todos os dias eu tinha de cortar cebolas para poder disfarçar minhas lágrimas. Com o passar dos dias o meu relógio deixou de ser formado por horas, minutos e segundos, passando a ser contado em cebolas, pois eu só possuía desse ínfimo tempo, porém de profunda reflexão para poder sentir a minha solidão, refletir sobre a falta que eu sentia e acima de tudo chorar. Cada facada que eu dava na cebola era uma foto nossa que vinha em minha memória. Eu sempre procurava as maiores cebolas para comprar, às vezes chegando a ir a vários supermercados para poder encontrar as maiores cebolas, pois elas me davam mais tempo de lágrimas. Quando eu acabava de cortar as cebolas me sentia obrigado a cortar todos os outros vegetais e legumes, porém nenhum dos outros me proporcionavam a liberdade, quase que divina, de expressão que as cebolas me proporcionavam. Às vezes as pessoas queriam saber o por que de eu sempre querer cortar as cebolas, e nas raras vezes que não me esperavam para cortar as cebolas, ia até a cozinha preparar outra comida para mim, pois eu não comia nada se não tivesse sido eu a cortar as cebolas. Desculpe por não continuar a minha história, pois o meu tempo dessa cebola já acabou.

domingo, 8 de março de 2009

Depois do fim

Olhou para a porta, não sabia muito bem o que estava sentindo. Por um momento achou que era raiva, depois não conseguia controlar todo o turbilhão de sentimentos que vinha em sua cabeça. Olhava para a porta que acabara de fechar com tanto ódio e amor ao mesmo tempo, não entendia como podia haver tanto ódio e amor juntos, pois sempre soube que esses sentimentos eram antagônicos, mas depois do que pode vivenciar, viu que era complicado definir a linha estreita que havia entre o ódio e o amor. Não sabia se devia voltar, pedir desculpa, falar que tudo era uma grande bestara, pois, na verdade, o amor que lutava, em não sentir, era maior que qualquer coisa. Não conseguia fazer nada lógico. Só conseguiu sentar no canto da parede, próximo a porta do elevador e de uma lixeira, que ainda tinha o resto do cigarro que acabara de acender. Sentou, e lá mesmo ficou.

Não sabia o que fazer, havia acabado de deixar o amor de sua vida sair pela porta de uma maneira tão transtornada, que não sabia nem por um minuto o que iria acontecer. Olhava para a porta com tanta tristeza e medo, pois não queria acreditar que toda aquela história de quatro anos, havia acabado de uma maneira tão abrupta e folgai. Não sabia o que fazer, a única coisa que fazia, por instinto era pegar o vaso que havia sido arremessado, e por sorte não chegou nem perto de atingir o alvo. Olhou para as rosas espalhadas no chão, e espero com o maior sentimento de fé que possuía, que elas voltassem para o jarro e, como em uma mágica, o jarro também voltasse para o local onde estava antes da briga.

Lá estava no chão chorando, não conseguia se lembrar da última vez que havia chorado tanto. Não tinha coragem de voltar, podia ser orgulho, mas sabia que não seria hoje que conseguira ter uma conversa civilizada, não agora. Ficaria ali o maximo de tempo que pudesse, e caso não agüentasse mais, iria pegar o elevador e ir embora.

Conseguia ouvir, lá de dentro, todo o chora e sofrimento que o amor de sua vida estava passando lá fora. Não sabia o que fazer, a única reação foi ficar na varanda olhando. Não podia se sentir menos impotente, não podia ser menos rato, e pedia desculpas aos ratos, pois nem eles eram tão imundos. Viu o exato momento em que a pessoa que mais amava saiu do prédio, atravessou a rua e pegou um táxi.

O que iria acontecer depois do fim?

Amantes

Ela é uma Capuleto.
Ele é um Montéquio
Ela era uma princesa, vestida de fada.
Ele era um príncipe, vestido de gladiador.
Ela estava na janela esperando, olhando. Pensando.
Ele estava olhando, pensando. Esperando.
Ela era o sol da janela bela.
Ele era a lua, que espera, ansiosamente, a luz do sol pra poder fingir que brilha.
Ela era um Capuleto , apenas de nome.
Será que uma rosa só por mudar de nome também perde o cheiro?
Ele era um Montéquio, mas ela só conseguia chamá-lo de amor.
Ela. Ele. Beijos. Amor.
O único amor, também era filho do ódio.

domingo, 1 de março de 2009

Simplicidades de menina

Pequena sonhadora, vivente do mundo.
Sonhando em ser menina, sonhando em ser mulher.
Pulando, cantando e sorrindo.
Sem nada a pensar ou a dizer.
Nem sempre feliz, porém nunca triste.
Nunca contente nem descontente.
Viver para ela, era apenas viver.