quinta-feira, 30 de abril de 2009

Não quero desatar o nó

Não escrevo para fazer alguém sorrir, nem para mudar o mundo.
Não escrevo para convencer que sou um bom escrito e domino a prolixidade.
Não escrevo para ouvir elogios, nem para agradar.

Escrevo, pois só assim coloco raivas para fora.
Escrevo, pois é uma das formas que tenho, para digerir meu dia, minha vida.
Escrevo, para tentar entender o que não entendo.

Escrever é minha maior terapia

domingo, 19 de abril de 2009

Dias quentes

O dia estava quente, disse a jovem que entrou pela porta. O que era muito comum em tempos de chuva. Estavam cansados e queriam parar aquele ato indecente. O sentimento ilícito estava corroendo-lhes. Como era possível viver a tanto tempo dentro de uma casa, sem querer saber as novidades do mundo? Sentiam que estavam sendo observados e julgados. A única solução encontrada para estas pobres vidas seria a morte, porém tinham medo do inferno. Não conseguiam compreender porque tinham medo do inferno, pois nada poderia ser mais mórbido e sujo que a própria existência. Combinaram que, no dia 27 de abril, iriam cometer um suicídio coletivo. O dia havia chegado e lá estavam eles sentados, olhando um para cara do outro. O dia estava quente, o que era muito comum em tempos de chuva.
-Acho que dias quentes não são bons para morrer. Afirma o mais velho. Poderíamos esperar pela primavera, o que acham?
-Hei, só dando um toque, no Brasil, principalmente no Ceará, não temos primavera. Você já está desistindo? Perguntou a mais nova.
-Tive uma boa idéia. Começaremos por ordem de idade, dos mais velhos para os mais novos. Disse o mais novo.
-Morrer de fome, ao meu ver, é bem a cara de São Francisco, quem sabe assim teremos a remissão dos nossos pecados. Disse uma voz no meio da briga.
Ouviram um tiro, todos viraram com uma expressão de medo.
-O próximo tiro será em quem falar mais uma bobagem. Disse o mais velho.
Notando que ninguém tomaria a iniciativa para o início dos suicídios, resolveu ser o primeiro. Novamente, se escutou um barulho de tiro, um corpo estava no chão.
-Gente, sabe que eu acabei de perder a vontade de morrer. Falou o mais novo.
A dona da voz na briga veio por trás e falou, bem baixinho, no ouvido do mais novo: os covardes têm que morrer envenenados. Aplicou uma injeção de veneno na artéria, em pouco tempo, mais um corpo estava no chão.
Como as duas que sobraram demonstravam honra, decidiram que a voz na briga iria matar a mais nova, pois a mesma não conseguiria cometer o suicídio. Depois a voz na briga iriam cometer o suicídio. Ouviu-se um tiro. Agora, a Voz na Briga se sentia muito sozinha, no meio de vários cadáveres, nervosa, resolve por fim a tragédia grega. Mais um copo estava no chão.
O silencio da morte não parecia ser perturbador, sentia relaxar cada músculo e podia, finalmente, dormir em paz. Estava sendo uma boa solução, porém, algo mais forte impedia o descanso, que teoricamente seria eterno. Uma luz estava a incomodar seus olhos. Seguiu a luz, como se ela fosse a resposta para toda as perguntas. Chegou a uma porta que lhe parecia familiar, curiosamente resolveu abri-la.
-Nossa o dia esta quente. Disse a Voz na Briga.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Rotina


- Pois é né?
- “Pois é” o que?
- Eu só disse, “pois é”, vai me bater?!
- Só sendo louca mesmo para falar “pois é” sem nenhum assunto prévio!
- Desculpe por tentar puxar algum assunto, mas já estamos sentados aqui há 20 minutos e nada acontece.
- Já que eu não tenho nada a falar é melhor calar!
- No começo não era assim, vínhamos para esse lado mais escuro da praça, pois entre longos beijos e conversas agradáveis as horas passavam, e ao final nem queríamos ir embora, enquanto que atualmente não vejo mais motivação para virmos aqui todos os dias apenas para admirar o luar.
- Pois então Soledad, amanhã não iremos nos encontrar, não passe o dia me ligando para ter certeza que estarei aqui no horário marcado.
- Pare com essas besteiras, pois combinamos que nos encontraríamos todos os dias!
- Há quanto tempo já estamos aqui mesmo heim?
- Hummmm... Mais ou menos 30 minutos.
- Ah, então eu acho que já está na hora de eu ir embora.
- Não vá antes de me dar um beijo.


Beijam-se

- Te amo! Até amanhã.
- Também te amo! Até amanhã não é? Mesma hora, o mesmo lugar.

Um amor que cai na rotina já chegou ao final, porém há dois covardes e nenhum se propõe a sentenciar o fim.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Lutar

Antes de mais nada, me perco no tudo.
Depois de ter tudo, só me restou o nada.
Nada não que dizer que há problemas, e sim milhos de possibilidades.
O tudo, sim, isso é que é problema, pois ele é o fim de possibilidades.
Depois do nada sempre procuramos o tudo.
Depois do tudo só nos resta o nada.
Não procuro a felicidade plena, só procuro a vontade de sempre lutar por ela.