sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Amanhã eu amo você.

Esperarei o sol se por
para lhe ver passar
com o mesmo olhar perdido
pois não cansa de me procurar

Estarei na janela
pois é de lá

Que vejo você passar
mesmo sem me notar

E quando você me notar
ou ,ao menos, me perceber
vou estar a te olhar
e dessa vez a receber
um olhar perdido teu

Mas não me importo de esperar

o dia que esse olhar

vai ser só meu

pois tenho a certeza

que mesmo que não agora

nem daqui a um minuto

esse dia vai chegar

e amanha, eu vou te amar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A rosa

Subiu a escada, abriu o livro, foi até a página vinte e quatro, olhou a rosa, tirou-a e fechou o livro. A rosa não estava mais vermelha sangue, como na época em que fora oferecida, agora ela estava morta e a cor nem era possível definir, visto que, era um pouco preto com manchas marrons e as pontas amarelas, mesmo assim cheirou-a como se todo o oxigênio do mundo estivesse preso nas células mortas da rosa, tentou evitar, porém as lágrimas saiam como se o dique estivesse quebrado. Desceu lentamente as escadas, que a pouco subira com tanta velocidade, pois agora tinha todo o tempo das duas horas, para aproveitar os minutos da rosa. Saiu para a rua e nada mais importava, foi apenas com a ajuda da vitrine, da loja da esquina, que pôde notar que não estava com os trajes apropriados, rapidamente voltou a casa, e mais rápido ainda trocou-se de roupa, pois não queria perder os poucos minutos de rosa. Já estava andando, novamente nada importava mais que a rosa, só notou que estava atrasado, pois o relógio da igreja tocou. Entrou rapidamente na igreja. Milhões de pessoa foram falar, porém toda sua atenção estava voltada para a rosa, não se importou com o que o padre, irmãos, os pais, amigos e até com o que ele mesmo falou no altar, pois nada era mais precioso que os minutos de rosa, que já estavam se tornando segundos. Queria guardar cada segundo em sua memória, a mesma que o amor de sua vida sempre falou ser breve como a vida das borboletas e rápida como as asas do beija-flor, porém dessa vez tinha a certeza que os minutos de rosa jamais iriam ser esquecidos. A missa já estava ao fim, e mesmo com os olhares indiscretos, não percebeu que já estava na hora do fim da cerimônia, depois que alguns amigos o levantou foi sem saber como para o lado externo da igreja, e lá na frente, dentro do maior terno preto, que uma pessoa pode vestir, estava à pessoa que lhe oferecera a rosa, como o símbolo de uma união, e como nunca havia recebido uma rosa antes, mesmo sendo esse o maior sonho, guardou-a, por todo o tempo, dentro do livro que foi o causador do encontro, pois fora durante as aulas de literaturas que ambos tomaram coragem e na capa do livro trocaram as primeiras conversar, porém agora só ele sabia de toda essa historia, e uma historia só é boa quando é compartilhada. Continuou andando e aproveitando os segundos de rosa. Havia chegado à hora culminante da cerimônia, chegou a hora de dizer adeus, apertou com toda forças que ainda tinha, pois nem mais um segundo de rosa Cronos lhe proporcionava, e jogou . Ali como num símbolo de confirmação, prometerá que mesmo que o tempo devorasse a rosa, o mesmo não ocorreria com o amor.

domingo, 8 de novembro de 2009

O Lençol

No tanque começou quase em um ritual religioso, a lavar a roupa de cama que há alguns meses não lavava. Era engraçado como, mesmo após dois meses, ela não se incomodava com o mau cheiro que a roupa de cama suja trazia para o quarto, e quando alguém chega falando que o quarto estava fedendo, sempre, dizia que o fedor vinha do ralo do banheiro e não do quarto. O fedor não fora o real motivo que a fizera ir lavar a roupa de cama, mas sim a certeza que apenas com esse ato ela iria conseguir colocar um fim definitivo na relação, Em quanto às espumas eram formadas, em quanto à água tirava aquela gosma preta, que era uma mistura de suor, com resquício do último sexo. Fazia um esforço, para como em um ritual religioso, fazer a transfiguração das sujeiras do lençol para o amor vadio que havia sido feito, varias e varias vezes em cima daquele lençol, sim, pois não podia ser outro, caso trocasse os lençóis, Eros não aparecia, tinha que ser sempre o mesmo lençol, azul bebê, um pouco desbotado nas pontas e com um pequeno remendo no canto esquerdo, aquele era o mais velho, por isso, o mais macio, e mesmo que comprasse um da mesma cor e da mesma marca, na hora de ir usar a cama tinha de trocar, pois como em um ritual, tudo tinha de ser igual, até o lençol. Na última vez que o lençol fora usado, não tinha sido a melhor, pois tinha a consciência que aquela era a última, e como todos os outros seres humanos, não conseguia parar de pensar no futuro e viver o presente, visto que, o presente só seria presente por mais alguns segundos até ser passado.
Tudo já estava ficando mais alvo, o lençol começou a ter a cor azul beber, já dava para ver as manchas e o pequeno remendo, que a pouco estava coberto pela sujeira. Ao terminar de lavar, levou para a varanda onde ele secaria com maior rapidez. Foi à gaveta pegar outro lençol, porém notou que não havia nenhum. E como em um fluxo de consciência lembrou-se que havia dado todos os outros lençóis, já que não os usava. E como não tinha outra opção voltou à varanda, pegou o velho lençol surrado, e mesmo ainda estando um pouco úmido, põem na cama, ao se deitar sentiu um cheiro pior que o do lençol sujo, pois o sujo lhe lembrava o final da relação, mas o limpo lhe remetia ao momento da esperar, porém dessa vez seria uma espera sem esperança de chegada.