sábado, 28 de maio de 2011

Encontro casuais

Ele sabia muito bem como me machucar. Parecia que se divertia as minhas custas, normalmente me doeria um pouco afirmar isso para mim, mas como sei que isso vai ficar só entre nos estou disposta a continuar. Estávamos juntos há um pouco mais que alguns meses. Datas nunca foram meu forte. Quando começamos, ele sempre tinha palavras na manga para me impressionar. Tenho certeza que posso lhe confirmar que foi ele o primeiro a dizer eu te amo, meio que entre os dentes, mas foi ele sim. Mas agora, nos últimos dias, eu mal conseguia arrancar uma palavra de carinho da boca dele. Olha que eu não sou uma mulher difícil de conseguir isso dos homens não viu. Sou boa de cama, carinhosa e cuidadosa. E fora que... Não, não vem ao caso. Mais do que presente caros, perfumes importados, jóias, nos mulheres, gostamos é de carinho. Sabe às vezes um bilhete, nem que tenha sido escrito de ultima hora, e mesmo que tenha a escrita errada e a letra feia, guardamos com todo carinho do mundo no guarda-roupa. Quando não, só dormir junto, feito conchinha, sentido a respiração e o batimento do coração um do outro, já nos são o bastante. Acho até que é ousadia minha disser que só mulher gosta disso, todo mundo gosta, mesmo que não queria dizer. Estou confiando muito, falando de mais. Tudo bem, você é mesmo um estranho para mim, e sei que daqui a uns quinze minutos, isso sendo exagerada, você vai ter esquecido as minhas confidências, mas saiba que para mim isso esta sendo um alivio. As pessoas hoje estão assim mesmo, como nos dois, só se preocupam com elas mesmas. Por exemplo, você só esta ouvindo isso tudo, ou porque você não esta ocupado no momento, ou talvez para se sentir melhor sabendo que existem pessoas, que pelo menos nesse momento estão pior que você. Eu to falando isso tudo, porque sei que você não esta nem ai para sair contando minha historia mesmo, além de ser a única forma de eu poder me sentir um pouco aliviada. Talvez seja por isso que os relacionamentos não tão indo mais pra frente. Não por mim nem por você, claro, mas por todos. To desviando muito do assunto que eu queria falar, que era dele, mas tudo bem, isso pode se um bom sinal, pois até que enfim estou me esquecendo dele, ao menos em uma conversa. Acho que já lhe prendi de mais. Qual quer dia desses, se nos cruzarmos na rua e você se lembrar de mim, nos falamos. E se perguntar se estou bem, vou virar e lhe dizer que sim, como todo mundo faz.

domingo, 15 de maio de 2011

Um lugar que só nós conhecemos

Todos os dias pela manha, ele acordava, se vestia o mais rápido possível, quase não tomava o café da manha e pegava o caminho da escola. Fazia tudo bem rápido, pois sempre se atrasava para o inicio da aula, não por acordar tarde, mas por ter algo que sempre lhe deixava perdido no caminho. Eram exatos cinco minutos de caminhada, para chegar à frente da loja de brinquedos. A loja em si não tinha nenhuma beleza especial. Era apenas mais uma casa antiga, que havia sido comprada por um empresário, que não tinha noção de preservação historia e, por isso, destruiu toda a fachada da casa, colocando no lugar uma placa enorme. O que havia lhe prendido atenção nos últimos quatro ou cinco meses, sendo assim o motivo do atraso, era um pequeno castelo de porcelanato. Lembrava-se muito bem da primeira vez que o viu. Era um dia comum, que se tornou especial, pelo mero motivo da olha para dentro da loja de brinquedos, e sem a menor pretensão perceber a presença de um castelo bem pequeno, porém que brilhava muito, ou, ao menos, o bastante para fazê-lo para e ficar. Depois daquele dia, começou a deixar de lanchar na escola, de comprar bombons e até de sair com os amigos, só para poder juntar dinheiro. Passou quase três meses nesse jejum, e quando juntou o dinheiro que achou ser suficiente, saiu mais cedo de casa, foi correndo até a porta da loja, e lá permaneceu por quase duas horas. Foi então que um homem alto, magro de cabelos curtos abriu a loja. Entrou desesperadamente, e foi logo pegando o castelinho na mão, ele era pequeno, simples, porém era o que ele mais queria. Levou o castelo até o caixa, tirou toda a moeda do bolso e entregou. Não pensou duas vezes e já foi saindo da loja, porém uma mão grande e fria, o segurou pelo braço. O dono da mão foi logo dizendo, em alto e bom tom, que o valor era insuficiente para a compra, e que ele não poderia levá-lo agora. O menino, tristemente, entrega o seu castelo e sai da loja. No momento que saiu da loja, seu olhar era triste e despretensioso. Nesse dia resolveu até volta para casa, justificando para os pais, que estava com muita dor de cabeça. No outro dia acordou, porém dessa vez não tinha motivo para correr. Saiu de casa lentamente e mais uma vez foi seguindo o caminho da escola. Ao passar em frente à loja, viu novamente o castelo na vitrine, parou por alguns minutos. Novamente sentiu o peso de uma mão na suas costas, quando se virou, pode perceber que era o mesmo homem do dia anterior. O homem entre sorrisos lhe contou que o valor que faltava para comprar o castelo não era muito, e se ele conseguisse ao menos mais algumas moedas, ele podia até da um desconto. O menino animou-se, tão rapidamente, como se tivesse recebido uma injeção de energia. Ali, no silencio do pensamento, olhou para o seu castelinho e pensou que se ele já havia sido dele, mesmo que por alguns minutos, ele iria se esforçar para poder novamente o conquistar, mesmo que isso levasse um tempo.