
Hoje, faz um ano e 365 cebolas que meu amor morreu. Sim 365 cebolas, pois, como ninguém sabia do nosso amor, todos os dias eu tinha de cortar cebolas para poder disfarçar minhas lágrimas. Com o passar dos dias o meu relógio deixou de ser formado por horas, minutos e segundos, passando a ser contado em cebolas, pois eu só possuía desse ínfimo tempo, porém de profunda reflexão para poder sentir a minha solidão, refletir sobre a falta que eu sentia e acima de tudo chorar. Cada facada que eu dava na cebola era uma foto nossa que vinha em minha memória. Eu sempre procurava as maiores cebolas para comprar, às vezes chegando a ir a vários supermercados para poder encontrar as maiores cebolas, pois elas me davam mais tempo de lágrimas. Quando eu acabava de cortar as cebolas me sentia obrigado a cortar todos os outros vegetais e legumes, porém nenhum dos outros me proporcionavam a liberdade, quase que divina, de expressão que as cebolas me proporcionavam. Às vezes as pessoas queriam saber o por que de eu sempre querer cortar as cebolas, e nas raras vezes que não me esperavam para cortar as cebolas, ia até a cozinha preparar outra comida para mim, pois eu não comia nada se não tivesse sido eu a cortar as cebolas. Desculpe por não continuar a minha história, pois o meu tempo dessa cebola já acabou.