terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fim de Sísifo

Às vezes, quando as palavras faltavam, o silêncio podia ser usado como desculpa. Porém nem sempre silenciar era a melhor forma, pois quando ficava em silêncio, sua voz ecoava dentro de sua cabeça perturbando suas vontades e sonhos. Aprendera que devia falar o que pensava, e o fato de se machucar era apenas uma questão de ponto de vista, pois sempre teria uma pequena ferida a ser curada. Uma ferida, que mesmo sem ser percebida insistiria em doer, incomodar sem resolver cicatrizar. Quando se encontraram, seus pensamentos fugiram imediatamente de sua cabeça, como balões de gás hélio que sobem ao céu, no imediato momento que são libertados das mão de uma criança. O silêncio novamente era o rei da ocasião, e dentro do castelo do rei se abrigavam vários seres que podiam a qualquer momento serem expulso, tendo em vista que o espaço dentro das muralhas de dentes se tornava cada vez menos. De alguma forma os pensamentos voltavam lentamente a serem respirados, mas o silêncio, ainda não havia sido quebrado. Os olhares, as mãos, os corpos, as bocas, os toques, os silêncios. Os lábios cerravam, porque eram os únicos que tentavam parar o impulso, sabiam que não seriam fortes o suficiente, porém o pouco que tempo que pudessem impedir já serviam ao menos como uma esperança prostituída. Já serrados e a poucos segundos de abrirem, cansaram e cederam. O ar decidido que sai do pulmão, passava pelas traquéias, encontrava com as cordas vocais e por fim formavam os fonemas na boca. Responsável pela quebra total silêncio? Entretanto sua força não fora suficiente para ser considerada um grito de libertação. Os olhos perceberam que nada havia acontecido, por isso, todo o corpo se reorganizou para refazer o esforço semelhante ao trabalho de Sísifo. As sílabas subiam pela sua garganta como pedras, mas ao chegarem a boca fora expulsas e dessa vez puderam ser ouvidas em bom som. Eu ess-stuo a-paixo-nado p-o-or voc-ceeê.

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