domingo, 15 de maio de 2011

Um lugar que só nós conhecemos

Todos os dias pela manha, ele acordava, se vestia o mais rápido possível, quase não tomava o café da manha e pegava o caminho da escola. Fazia tudo bem rápido, pois sempre se atrasava para o inicio da aula, não por acordar tarde, mas por ter algo que sempre lhe deixava perdido no caminho. Eram exatos cinco minutos de caminhada, para chegar à frente da loja de brinquedos. A loja em si não tinha nenhuma beleza especial. Era apenas mais uma casa antiga, que havia sido comprada por um empresário, que não tinha noção de preservação historia e, por isso, destruiu toda a fachada da casa, colocando no lugar uma placa enorme. O que havia lhe prendido atenção nos últimos quatro ou cinco meses, sendo assim o motivo do atraso, era um pequeno castelo de porcelanato. Lembrava-se muito bem da primeira vez que o viu. Era um dia comum, que se tornou especial, pelo mero motivo da olha para dentro da loja de brinquedos, e sem a menor pretensão perceber a presença de um castelo bem pequeno, porém que brilhava muito, ou, ao menos, o bastante para fazê-lo para e ficar. Depois daquele dia, começou a deixar de lanchar na escola, de comprar bombons e até de sair com os amigos, só para poder juntar dinheiro. Passou quase três meses nesse jejum, e quando juntou o dinheiro que achou ser suficiente, saiu mais cedo de casa, foi correndo até a porta da loja, e lá permaneceu por quase duas horas. Foi então que um homem alto, magro de cabelos curtos abriu a loja. Entrou desesperadamente, e foi logo pegando o castelinho na mão, ele era pequeno, simples, porém era o que ele mais queria. Levou o castelo até o caixa, tirou toda a moeda do bolso e entregou. Não pensou duas vezes e já foi saindo da loja, porém uma mão grande e fria, o segurou pelo braço. O dono da mão foi logo dizendo, em alto e bom tom, que o valor era insuficiente para a compra, e que ele não poderia levá-lo agora. O menino, tristemente, entrega o seu castelo e sai da loja. No momento que saiu da loja, seu olhar era triste e despretensioso. Nesse dia resolveu até volta para casa, justificando para os pais, que estava com muita dor de cabeça. No outro dia acordou, porém dessa vez não tinha motivo para correr. Saiu de casa lentamente e mais uma vez foi seguindo o caminho da escola. Ao passar em frente à loja, viu novamente o castelo na vitrine, parou por alguns minutos. Novamente sentiu o peso de uma mão na suas costas, quando se virou, pode perceber que era o mesmo homem do dia anterior. O homem entre sorrisos lhe contou que o valor que faltava para comprar o castelo não era muito, e se ele conseguisse ao menos mais algumas moedas, ele podia até da um desconto. O menino animou-se, tão rapidamente, como se tivesse recebido uma injeção de energia. Ali, no silencio do pensamento, olhou para o seu castelinho e pensou que se ele já havia sido dele, mesmo que por alguns minutos, ele iria se esforçar para poder novamente o conquistar, mesmo que isso levasse um tempo.

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