sábado, 29 de agosto de 2009

A esperança

Já estava sentado há duas horas, sabia que já havia decorado o nome do remetente, mas, mesmo assim, lia varias vezes, pois parecia que seus olhos se divertiam em estar mentindo para o cérebro, porém não tinha como se enganar, pois lá estava o nome que começava com a letra, que mais lhe doía olhar na agenda eletrônica, pois toda vez que procurava por alguém que começava com a letra J, lá estava o nome que ele fazia questão de esquecer, mas as coisas faziam questão de lembrar.
Já que não havia o que fazer, resolvera abrir a carta. A letra, apenas olhar para aquela letra já trazia lembranças do começo do relacionamento, pois tudo começara com um pedaço de papel, que pedira para o garçom enviar, e a resposta, nada convencional, havia sido escrita com a mesma letra da carta. Começara a ler, e só pelo começo da carta já dava para notar que o final não seria dos melhores, pois sabia que toda carta que começava com “não pense que o problema esta em você, mas sim em mim, pois não entendo o que sinto por você...”, significava que lá vem problema. Novamente ele não queria, ou não conseguia acreditar no que seus olhos liam, pois ao final da carta tinha uma frase que mudava tudo, lá esta escrito, “mesmo com toda a confusão de sentimentos, podemos marca um encontro?”. Só dizia que queria marca um encontro, não falava se esse encontro seria como amigos ou amantes. Lembrava de, uma vez, ter lido, que a única praga que ficara presa na caixa de Pandora foi à esperança, nunca entendera o porquê da esperança ser considerada uma praga, mas depois disso começou a entender, pois nada pior que a esperança para consumir uma vida, visto que, ela não se baseia em nenhum dado físico, não passando de uma mera vontade de futuro, e trazer angustia para alguém, isso tudo, sem ao menos lhe proporcionar uma alegria confirmada no final, mas na mesma lenda onde falava da esperança ser a última das pragas, ela falava que fora a única que Pandora não libertara da caixa e, por isso, cabia a cada ser humano libertá-la ou não.
Passou mais alguns minutos pensando se devia ou não ligar para marcar aquele encontro, chegou a pegar o celular e, dessa vez, sem ser por acidente, procurar o numero na lista telefônica, toda via resolvera não ligar, pois sabia que o pior que podia acontecer era esse sentimento de esperança ficar mais forte, por isso, resolveu queimar a carta e fingir que nunca recebera.

2 comentários:

Caio Timbó disse...

Simplesmente magnífico! tanto sentimento que cheguei a senti-lo

Ótimo texto!

Unknown disse...

esse foi pesado.
parece que tá escrevendo a noossa viiida.

quero ler seus livros.
cheiro.