quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Olhos

Saiu andando rapidamente antes que todos pudessem ver que as lágrimas já estavam prestes a descer dos olhos. Entrou com toda velocidade no banheiro, escolhei cuidadosamente a cabine que ficava mais ao final do banheiro, abriu a porta com toda força, entrou na cabine, sentou-se no vaso, fechou a porta, porém com mais delicadeza do que abrira . Ali ,sem ninguém por perto, começou a chorar. Não foi um choro rápido como quando as lágrimas descem rapidamente como se todas estivessem já no canto dos olhos só esperando a autorização para sair sem o menos pudor manchando todo o rosto , mas ,dessa vez , as lágrimas estavam todas em uma fila, organizadas e saiam uma por uma, assim podia sentir cada lágrima escorre pelo rosto e lavando a face como se fosse um longo e delicado beijo das lágrimas com os poros do rosto. Engraçado como mesmo estando chorando os lábios apresentavam um leve sorriso, um sorriso que poderia ser comparado ao de uma criança, pois era pequeno, porém puro e leve. Chorava um choro silencioso , pois aquele era o seu momento não queria que ninguém atrapalhasse, perguntando se estava tudo bem ali dentro, ou, ao menos, ouvisse, pois era o seu momento de choro. Após sair as ultimas lágrimas, pegou cuidadosamente um pedaço do melhor lenço que tinha e enxugou levemente o rosto, pois não queria separa as lagrimas dos poros, os amantes apaixonados , bruscamente. Levantou-se abriu lentamente a porta, pois queria verificar se não tinha ninguém dentro do banheiro, fora até o espelho, e pela primeira vez os olhos, mesmo após alguns minutos de choro, não estavam inchados, e nem a face estava amassada como era de costume quando chorava por outros motivos. Lavou levemente o rosto, como se estivesse arrumando um local sagrado que acabara de ser sede de uma das mais puras relações , mas pura do que todas as outras que já havia sediado em outrora. Olhou o rosto molhado no espelho, sorriu levemente, pois se sentia mais leve e puro, da mesma forma que o sorriso de outrora e foi para o meio da multidão, pois já tinha passado tempo de mais e tinha de correr para não perde a coisa que Ícaro mais queria.

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