quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Duas dúvidas ou dívidas

Estou escrevendo esse texto, mas sinceramente espero que ninguém o leia. É neste ponto que nasce a primeira pergunta. Porque estou escrevendo e não apenas pensando? Acho que escrevo, pois o ato de escrever me deixa mais consciente que minhas condições são reais. Por falar em condições, irei começar. Sabe o coração de uma pessoa que já morreu? É assim que estou, parece que não vejo mais nada além de uma enorme linha reta e ,de vez em quanto, uma leve alteração no gráfico, que ,por alguns minutos, parece mudar, porém volta a ficar na estaca zero. Mais uma vez, gostaria de afirmar que não é minha intenção que esse texto seja lido por outra pessoa, e caso alguém venha a fazer isso, por favo não se identifique, pois são apenas palavras de um bêbado solitário no final da noite. Minha segunda indagação da noite, que talvez seja consequência das duas últimas doses de conhaque que tomei é: porque nos apegamos às coisas, se ao final iremos morrer de qualquer forma? Não eu não sou pessimista, apenas penso constantemente na morte, mais do que as outras pessoas, pensou eu, ou  menos, não sei, só sei que penso constantemente na morte. Já perdi alguns familiares, odeio ter de falar neles, mas só os tenho como exemplo. A morte para mim é como uma vela, pois sabemos que um dia irá apagar, porém a chama enquanto acessa é necessária para podermos acreditar. Sempre são muitas as bestares que um bêbado escreve ao final da noite, agora termino de tomar mais dois copos de conhaque,  sinto que o texto que escrevo para mim mesmo, ainda não fala o suficiente sobre as coisas que preciso falar. Acho que sempre fujo do foco, não por querer fugir, mas por pensar que as pessoas de uma forma ao de outra podem se identificar com o meu texto, porém repito mais uma vez, esse texto não deve ser lido, são apenas pensamentos de um bêbado de final de noite que acaba de entronar mais um copo de conhaque. Eu odiava bebidas quando era criança, quando via meu pai bebendo sempre dizia para mim mesmo -eu nunca irei beber, nem fumar juro por deus. Parte disso é verdade, pois verdadeiramente nunca bebi nem fumei,  uísque ou charuto , não sei se é por que verdadeiramente não gostou, ou por ser as duas coisas que meu pai mais fazia . A noite para uma pessoa que bebe pode ser amiga ou inimiga, depende dos companheiros, pois quando bebemos com alguém a bebida se espalha no sangue e esquenta as orelhas, dessa forma, rimos bastante e nos divertimos, porém ,quando bebemos sozinhos, a bebida se concentra no cérebro e nos trás na lembrança memórias nem sempre agradáveis.  As lembranças de minhas doses de conhaque estão cada vez mais fortes, por isso, sinto-me incomodado por saber que alguém possa um dia ler esse texto, mesmo que não o entenda, estará lendo as memórias desordenadas e fragmentadas de um bêbado de conhaque da noite.  O conhaque, meu tão amigo da noite, não costumava ter-lo em outrora, foi apenas por influencia de uma amiga, que há tempos não a vejo, que comecei a entorná-lo duas ou três vezes por semana, às vezes, bebo só para relaxar, porém quando passo do ponto, perco o controle e começo a ser mais eu. Ser eu, ou melhor, sempre sou eu claro, mas poder ser um eu de mim mais profundo nem sempre é fácil, nem sempre é bom. Acho que as doses de conhaque que bebi já me deixam com menos medo e mais vontade de correr pelo o mundo, como no momento estou impossibilitado, vou pegar meu celular, ligar para algum numero, falar mais algumas besteiras e quando a bebida subir, mais um pouco, irei dormir o sono dos bêbados e dos sonhadores.

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