quinta-feira, 10 de novembro de 2016

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Ele fechou a porta na minha cara. Não, não foi bem assim, preciso começar novamente esse texto. Ele abriu a porta, olhou para mim, e pediu que eu fosse embora e aí sim fechou a porta na minha cara. Eu, o que fiz? Toquei a campainha. Ele não abria a porta, me olhava pelo olho magico (eu imagino) e falava para eu ir embora. Pedia-me que entendesse e dizia que precisava ficar só.
            Por algum momento, um rápido momento, eu achei que ele ia abrir a porta e me explicar tudo. Ao invés disso ele apenas começou a chorar e disse que iria me ligar, caso soubesse o que falar. Eu então, cansei de ser palhaço de circo falido e resolvi sair. Peguei o primeiro taxi que vi. Nem olhei se tinha dinheiro, mas peguei.
            O taxista me pergunto para onde iriamos. Apenas respondi: para o mais longe possível daqui. Acho que ele entendeu. Sai de lá. Pronto, já estávamos distantes o suficiente. A janela do carro era um refúgio. Olhando para a paisagem, minha mente não tinha tempo de pensar, ela só tentava entender as imagens que rapidamente corriam. Assim eu podia descansar. Comecei a chorar. Secava aquelas lagrimas com tanta força e raiva. Secava, pois eu não queria chorar.
          Senhor, pode parar aqui, nesse ponto do metrô já está ótimo, obrigado e pode ficar com o troco. Desci, coloquei o fone e continuei a andar, não queria pegar o metrô, queria apenas andar. A cidade, as pessoas, a música e a porra dos meus pensamentos. Eu estou cansado, devo parar e tomar uma cerveja, uma garrafa de vinho ou uma dose de gim. Moço me der os três, um de cada vez a ordem você pode escolher, foi o que pedi no primeiro bar que vi a minha frente.
              A cerveja estava quente, o vinho doce demais e o gim era muito vagabundo. Quem é aquele ali? Está olhando para mim? Acho que sim.

                - OI
                -OI
                - Você é bem lindo
                - Obrigado
                - Posso sentar aqui?
                - Sim, estou só mesmo.

                Ele sentou à mesa, se apresentou, falou do meu sotaque. Falamos amenidades. Coisas de sempre. Nome, signo, idade, o que faz da vida, (risadas), (silencio), mora onde?, e esse sotaque? Nos beijamos.
                Sai daqui, sai da minha cabeça, você mandou eu ir embora, não atrapalha o beijo. Não eu não vou mais pensar em você. Sim o beijo está sendo ótimo, só estou pensando em você, pois estou com raiva, mas dá para você sair dos meus pensamentos? Obrigado. Caralho, você não vai sair ne. Ok, vou dispensar o cara, não era esse o combinado?

                -Desculpa, preciso ir.
                -Mas já?
                - Sim, estou cansado e já é tarde.
                - Me diz teu número então!

              Trocamos os números. Acho que ele nem vai me ligar, mas tudo bem. Subi a rua, estava perto de casa. Uma garrafa de vinho (um pouco melhor). Enfim em casa. Sai gato, não estou com paciência para carinho em gato. Deitei na cama. Abri a garrafa. Começo a beber. Ele realmente fechou a porta na minha cara hoje? Serio? Que droga, estou ficando bêbado, não consigo evitar é algo biológico, desculpa.

                Será que estou com sono, ou estou apenas bêbado? A Lana Del Rey cala essa boca. Não, espera, vou repetir a música mais uma vez. Estou com o celular na mão. Na verdade, passei o dia com o celular na mão, ele disse que iria me ligar. Estou esperando. Ele fechou a porta na minha cara e eu ainda não sei o motivo. O celular na está na mão, a garrafa de vinho está quase seca, a Lana Del Rey está tocando novamente e eu já estou bastante bêbado. Podia ser mais chique? Acho que não, mas que se foda é pra ser clique e vai ser.

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