Estou eu parado no aeroporto, esperando
ele chegar. Eu olho para a porta, olho para o relógio e volto a olhar para a
porta. Nada dele sair de lá. Eu aqui nervoso e espero que ele esteja também. Já
faz um mês e pouco que não nos vemos e toda a vez que a porta do desembarque
abre eu fico pensando: será que é ele dessa vez?
Às vezes, eu fico pensando:
será que ele vai sair pela porta dançando e cantando que nem nos musicais
bregas? Digo que os musicais são bregas, mas eu certamente estou me sentindo em
um agora. Talvez não faça sentido para as outras pessoas se eu contar,
mas para mim faz, então, se ele sair pela porta de desembarque igual a um
musical brega, tudo bem, eu sou brega também.
A porta continua abrindo
e fechando e eu já ouvi a música ,que ele me mandou, umas dez vezes. Agora,
pela porta de desembarque, saiu uma mulher e um rapaz foi em sua direção.
Devia estar esperando por ela e agora suas ansiedades estavam sanadas. Já a
minha só aumenta. E mais uma vez a porta abriu. Dessa vez era um casal de dois
meninos, eles estavam vindo com as mãos dadas e pelo que pude ouvir falavam da
viagem que haviam feito.
Tenho quase certeza que estou
em um musical brega. Estamos no começo do filme, onde os personagens estão
sendo apresentados, mas de alguma forma todo mundo no cinema, ou no teatro, já
sabe que eles vão ficar juntos. Até dão uma risada ao verem minha ansiedade
para vê-lo. Neste exato momento ele deve estar pegando as bagagens. Já fazem 10
minutos que ele me ligou dizendo que tinha acabado de pousar e que quando
percebeu que não ia mais explodir a aeronave, caso me ligasse, me ligou.
E mais uma vez a porta abre. Eram mais algumas pessoas, parece que todo mundo
sair por essa porta menos ele. Eu já bebi agua, já olhei o relógio e já pensei
em fumar um cigarro, só não fumei nenhum, pois eu não tinha, ele não gosta do
gosto de cigarro na boca e também por ser proibido fumar em espaços fechados.
Vamos lá repetir a musica no fone mais uma vez. Tenho certeza que o público
deste musical brega deve esta as gargalhadas.
A porta abriu mais uma vez e entre alguns chineses e alemães, suponho eu que
essa fosse a nacionalidade daquelas pessoas, eu vejo o sorriso dele. Um macacão
azul, uma camiseta também azul e um sapato engraçado que ele tem (com um salto
para ele ficar mais alto, desculpem se não sei explicar bem, é que nem eu
entendo). Daí o coração que já estava muito acelerado, acelerou mais ou
parou de vez (desculpem novamente, eu não sei explicar a sensação, mas quem já
teve vai me entender).
Ele veio e sorriu, apenas sorria para mim um sorriso de olho fechado. Eu sorria
com um sorriso de abobalhado. Sem falar nada me beijou. Sem falar nada me
abraçou. Sem falar nada me deu a mão. Quando resolveu falar algo, falamos
juntos: eu estava com saudades. Sorrimos juntos, um sorriso que para os demais
podia ser fora do tom, mas tudo bem ser um dueto fora do tom em nosso musical
brega.
Depois de um tempo (que eu não
vou saber precisar e também não vou me desculpar novamente, pois já deu para
entender que nesse tipo de situação precisão é desnecessário) saímos andando de
mãos dadas, não apenas como uma demonstração de afetos, mas porque decidimos,
em silencio, que agora em diante seria assim que iríamos enfrentar o mundo. A
partir daquele momento sabíamos que algo estava começando (eu gostaria muito de
poder descrever para vocês como tudo aconteceu dentro de mim e como essa imagem
está na minha cabeça, mas não é muito fácil, então espero que tenham
entendido).
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