segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A rosa

Subiu a escada, abriu o livro, foi até a página vinte e quatro, olhou a rosa, tirou-a e fechou o livro. A rosa não estava mais vermelha sangue, como na época em que fora oferecida, agora ela estava morta e a cor nem era possível definir, visto que, era um pouco preto com manchas marrons e as pontas amarelas, mesmo assim cheirou-a como se todo o oxigênio do mundo estivesse preso nas células mortas da rosa, tentou evitar, porém as lágrimas saiam como se o dique estivesse quebrado. Desceu lentamente as escadas, que a pouco subira com tanta velocidade, pois agora tinha todo o tempo das duas horas, para aproveitar os minutos da rosa. Saiu para a rua e nada mais importava, foi apenas com a ajuda da vitrine, da loja da esquina, que pôde notar que não estava com os trajes apropriados, rapidamente voltou a casa, e mais rápido ainda trocou-se de roupa, pois não queria perder os poucos minutos de rosa. Já estava andando, novamente nada importava mais que a rosa, só notou que estava atrasado, pois o relógio da igreja tocou. Entrou rapidamente na igreja. Milhões de pessoa foram falar, porém toda sua atenção estava voltada para a rosa, não se importou com o que o padre, irmãos, os pais, amigos e até com o que ele mesmo falou no altar, pois nada era mais precioso que os minutos de rosa, que já estavam se tornando segundos. Queria guardar cada segundo em sua memória, a mesma que o amor de sua vida sempre falou ser breve como a vida das borboletas e rápida como as asas do beija-flor, porém dessa vez tinha a certeza que os minutos de rosa jamais iriam ser esquecidos. A missa já estava ao fim, e mesmo com os olhares indiscretos, não percebeu que já estava na hora do fim da cerimônia, depois que alguns amigos o levantou foi sem saber como para o lado externo da igreja, e lá na frente, dentro do maior terno preto, que uma pessoa pode vestir, estava à pessoa que lhe oferecera a rosa, como o símbolo de uma união, e como nunca havia recebido uma rosa antes, mesmo sendo esse o maior sonho, guardou-a, por todo o tempo, dentro do livro que foi o causador do encontro, pois fora durante as aulas de literaturas que ambos tomaram coragem e na capa do livro trocaram as primeiras conversar, porém agora só ele sabia de toda essa historia, e uma historia só é boa quando é compartilhada. Continuou andando e aproveitando os segundos de rosa. Havia chegado à hora culminante da cerimônia, chegou a hora de dizer adeus, apertou com toda forças que ainda tinha, pois nem mais um segundo de rosa Cronos lhe proporcionava, e jogou . Ali como num símbolo de confirmação, prometerá que mesmo que o tempo devorasse a rosa, o mesmo não ocorreria com o amor.

Um comentário:

Raphael Brito disse...

Parabéns amigo, digno de uma encenação!
Prova que imagens nem sempre são são a essência de uma verdadeiro amor. E sim o sincero perfume que por elas passa...