domingo, 31 de outubro de 2010

Antes que Morfeu

Olhava atentamente as nuvens, como se elas fossem as mensageiras de suas vontades. Era engraçado como elas passavam lentamente sobre sua cabeça, podia quase ter a fiel certeza que o tempo havia parado. Esperava, como nunca, que os dias passagem, porém eles teimavam em ficar estáticos. A sexta preguiçosamente cedeu ao sábado, esse que por sua vez curtiu cada segundo, até dar a possibilidade do domingo chegar. Os dias que haviam sido amigos outrora, agora eram seus piores inimigos.

As nuvens que passavam por sobre sua cabeça, tinham as formas que o cérebro queria, sabia disso, porém podia jurar que as nuvens se aliaram ao dias para provocá-lo, pois elas insistiam em mostrar aquele sorriso, emoldurado pelos lábios largos e vermelho que já quase uma semana só ouvia a voz, mas a beleza real ficava restrita a vontade das nuvens. As nuvens se dissolviam e se remontavam sempre formando a mesma imagem, e quando raramente mudavam, era para mostrar outras partes que também lhe remetiam a mesma pessoa.

O cigarro, fiel companheiro,depois de vários meses engavetado, voltava a passear entre seus dedos . Sabia pouco de química, mas o pouco que sabia, era o necessário para ter a certeza que as substancias tóxicas do cigarro podiam lhe proporcionar um relaxamento, e valia ariscar um pouco de sua saúde.

O calor da tarde, como de costume era incomodo, porém a simples vontade de olhar as nuvens, e a brisa que a praia lhe trazia, o deixou completamente despercebido. O céu azul começara lentamente a ficar laranja, a tarde estava chegando ao fim, o que por um lado lhe confortava, pois era sinal de que a segunda estava chegando, por outro lado, as nuvens a noire se confundem com o céu azul escuro, e dessa forma lhe roubam as imagens. Antes que Morfeu se tornasse aliado dos dias, deixou o cigarro de lado, pegou a câmera na bolsa, e como um leve clique, conseguiu ter o sorriso por mais algumas horas, até que pudesse ter o de verdade.

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